Scope Entrevista: Dra. Ana Gagliardi explica biomas e tratamentos
Sangramento menstrual aumentado e doloroso pode indicar a presença de miomas uterinos, problema que acomete cerca de 80% das mulheres em idade reprodutiva. Nesta entrevista, a Dra. Ana Maria Morato Gagliardi explica a razão do sangramento e as opções de tratamento.
O que são miomas e por que provocam sangramento?
Os miomas, também chamados de leiomiomas ou fibromas, são tumores benignos de origem na musculatura lisa, apresentam-se vascularizados e com variável componente de tecido conjuntivo fibroso. Têm como fator estimulante de seu crescimento a ação hormonal, sendo o estrógeno o maior causador. Acometem cerca de 80% das mulheres em idade reprodutiva e, principalmente, a raça negra.
Por serem vascularizados e “estimulados“ pela ação hormonal, eles podem, conforme a sua localização, provocar sangramento de intensidade variável.
Estou com sangramento menstrual intenso e prolongado. O que pode estar causando esse problema? Posso ter anemia?
Um dos sintomas da presença de mioma uterino é a hipermenorragia ou metrorragia (sangramento menstrual aumentado e doloroso).
Sim, a anemia pode ser causada pelo sangramento excessivo e descontrolado, devido à presença de miomas.
Mas atenção: mioma é apenas uma das possíveis causas de sangramento irregular. Se você apresentar este sintoma, deve procurar sua ginecologista para investigação, orientação e conduta.
A ultrassonografia detecta miomas?
Muitas pacientes têm a presença de miomas detectada em exames de rotina como o ultrassom, sem que apresentem qualquer sintoma ou repercussão clínica.
Os miomas, aliás, são assintomáticos em sua grande maioria, cerca de 75%. Quando os sintomas aparecem, os mais comuns são: cólica menstrual, sangramento menstrual aumentado, dor pélvica ou lombar, sensação de bexiga cheia constantemente e pressão sobre a pelve, peso abdominal e complicações obstétricas prévias. Estes sintomas estão diretamente relacionados ao tamanho, localização e número de nódulos.
O diagnóstico é baseado no quadro clínico, exame físico e exames de imagem, como ultrassonografia e ressonância magnética, sendo que este último nos permite com melhor acurácia caracterizar o nódulo (aspecto, topografia, localização, número).
Quando a videohisteroscopia diagnóstica é necessária?
A videohisteroscopia é um exame por meio do qual avaliamos o interior da cavidade uterina. Sua realização é indicada para pacientes com alteração do ciclo menstrual e/ou sangramento irregular sem causa aparente, ou achado de exame de imagem que revele alteração ou nodulação intracavitária – endometrial.
Qual o tratamento adequado? Em caso de indicação cirúrgica, corro o risco de perder o útero?
O tratamento dos miomas segue a atenção em relação aos sintomas, localização e crescimento progressivo, considerando a idade e desejo reprodutivo da paciente.
A maioria não requer tratamento e, sim, acompanhamento de rotina regular. Exceção aos mais volumosos, com sintomatologia, comprometimento da fertilidade e/ou repercussão em órgãos adjacentes (como abaulamento de fundo de saco vaginal e compressão da bexiga, que causam dispareunia e vontade de urinar, respectivamente).
Com base nestes aspectos, analisamos a melhor opção de tratamento, seja clínica e/ou cirúrgica.
Nos casos cirúrgicos, temos como opções terapêuticas a miomectomia, a histerectomia ou a embolização.
Para as pacientes que desejam engravidar, o objetivo da escolha do tratamento é a manutenção do útero, preservando a fertilidade e garantindo uma gestação segura e com menor chance de parto prematuro e abortamento.
A miomectomia (remoção cirúrgica dos miomas) pode ser feita por videolaparoscopia com sucesso, sendo a laparotomia indicada para alguns casos, dependendo do tamanho e localização do mioma.
Para pacientes em pós-menopausa ou que não desejem mais engravidar, uma opção é a histerectomia (remoção cirúrgica do útero) que, na maioria dos casos, pode ser feita por videolaparoscopia com segurança e recuperação mais rápida da paciente.
Miomas que se apresentam no interior da cavidade uterina (submucosos) podem ser removidos, na maioria das vezes, por videohisteroscopia.
Saliento que, em alguns casos, é possível adotar a abordagem terapêutica clínica com uso de hormônios: anticoncepcionais orais, progestágenos e anti-progestágenos, análogos de GnRH e anti-inflamatórios não esteroides, DIU com levonorgestrel, sempre lembrando possíveis efeitos colaterais do uso e, que estes tratamentos melhoram a sintomatologia e facilitam a correção da anemia por reduzirem o sangramento, mas não diminuem o mioma de forma permanente. Algumas vezes lançamos mão destes mesmos medicamentos como preparo clínico pré-operatório.
Qual a orientação para as pacientes?
A minha orientação é que sempre estejam com seus exames de rotina ginecológica em dia e que, diante de qualquer alteração ginecológica procurem seu médico ginecologista, que fará uma boa anamnese e avaliará o caso.
Se for necessária a realização de uma cirurgia, que procurem sempre um especialista habilitado a fazê-la com a melhor técnica cirúrgica e bons resultados. Na Scope, temos ótimos resultados com as abordagens cirúrgicas videolaparoscópica, videohisteroscópica e robótica.
A Scope atua no diagnóstico e tratamento de patologias ginecológicas através de técnicas modernas e minimamente invasivas. Entre em contato e agende a sua consulta online ou pelo telefone (11) 3849-1818.