Entrevista Scope: Dra. Ana Gagliardi explica a endometriose

Entrevista Scope: Dra. Ana Gagliardi explica a endometriose

Nesta entrevista, a Dra. Ana Maria Morato Gagliardi esclarece dúvidas frequentes sobre endometriose, doença que acomete cerca de 10% das mulheres em idade fértil e é uma das especialidades da Scope.

Como diferenciar a cólica provocada pela endometriose? 

A cólica apresentada pelas pacientes com endometriose pode ser confundida com outras doenças que também causam dor, como doença inflamatória pélvica, cistos anexiais (de ovário e trompa) e doenças intestinais, como a síndrome do intestino irritável, entre outras. No caso da endometriose, a cólica tem algumas particularidades: é uma dor progressiva que se instala comumente no período menstrual, podendo surgir antes ou se estender após o período. Pode ser na região pélvica, com irradiação para a região lombar e eventualmente para membros inferiores. Frequentemente está acompanhada da dispareunia (dor na relação sexual) e, em casos mais severos, dor ao evacuar. 

Esse quadro de dor pode vir acompanhado de fadiga, stress, inchaço abdominal, alteração do hábito intestinal. Alguns destes sinais são semelhantes aos de outras doenças, por isso, cabe ao ginecologista fazer o diagnóstico diferencial.

É um desafio, mas nada como uma boa anamnese, exame físico e exames de imagem para chegar ao diagnóstico.

 A mulher que sente o desconforto pélvico no período menstrual, de caráter progressivo ou não, deve procurar o ginecologista, pois a identificação da doença em fase inicial proporciona melhores resultados ao tratamento.

Qual a causa da endometriose? É possível falar em prevenção? 

A fisiopatologia, isto é, o mecanismo de desenvolvimento da doença, é um tema ainda em discussão. Há várias teorias, como a de Sampson, que trata da menstruação retrógrada; a teoria metaplásica, que sugere um processo de diferenciação do tecido normal para o tecido endometriótico; e ainda a de predisposição genética, em que a alteração no ambiente peritoneal gera um processo inflamatório por fatores imunológicos, hormonais, stress oxidativo. Como a causa não foi totalmente esclarecida pela ciência, é difícil falar em prevenção. No entanto, podemos sim minimizar a evolução da endometriose. Por isso, sempre apontamos para a necessidade do diagnóstico precoce, o que ameniza os danos e o desconforto causados pela doença.  

As pílulas anticoncepcionais curam a endometriose? 

A endometriose não tem cura, mas tem controle. A ideia, a partir de um diagnóstico muito bem feito, é controlar os focos da doença e combater os sintomas. O anticoncepcional oral é uma opção clínica de tratamento, mas não a única. Na verdade, há várias opções hormonais além das pílulas orais, como implantes e medicamentos injetáveis com base hormonal, além do DIU com levonorgestrel, que podem servir bem para o controle da doença. É claro que cada caso deve ser avaliado individualmente, baseado na extensão e acometimento desta doença e dos sintomas da paciente, assim como o desejo reprodutivo. Para algumas pacientes, este tipo de tratamento pode ter contraindicações e, portanto, deve ser discutido de forma criteriosa. 

Na Scope, entendemos que é importante diminuir os focos por meio da abordagem minimamente invasiva. Depois, ou de forma concomitante, administrar medicações hormonais com o objetivo de bloquear a ovulação, já que a doença está ligada à produção de estrógeno e seus focos são estimulados por alterações hormonais. 

Quando a cirurgia é indicada? Se houver indicação, qual a melhor: laparotomia, videolaparoscopia ou robótica? 

A indicação de cirurgia depende do caso, do estágio da doença e do desejo reprodutivo da paciente. Existem diferentes abordagens cirúrgicas e a escolha varia de acordo com a aptidão e o protocolo seguido pelo médico. A melhor é aquela que é feita da melhor forma por quem a proporciona, atendendo protocolos conhecidos e pré-estabelecidos. No entanto, a cirurgia videolaparoscópica, seja robótica ou não, é considerada padrão ouro por apresentar melhores resultados. Na Scope, a opção pelos procedimentos minimamente invasivos visa diminuir os focos, retirar as lesões e estadiar a doença. Vale lembrar que o tratamento clínico é uma importante complementação associada após a abordagem cirúrgica. Além disso, o suporte emocional também ajuda muito. 

A endometriose prejudica a fertilidade? É possível engravidar durante o tratamento?

A relação entre endometriose e infertilidade existe porque algumas lesões causam alterações anatômicas estruturais que prejudicam tanto a ovulação como a fecundação: aderências, cistos, deformidades e obstrução das trompas são fatores que afetam o funcionamento de ovários e outros órgãos do sistema reprodutor feminino.

A endometriose acomete cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva. Destas, de 30% a 50% vão ter dificuldade para engravidar e 30% vão ter infertilidade. A doença não necessariamente impede a gravidez, mas certamente pode retardar os planos de maternidade. Isso porque a maioria dos tratamentos clínicos tem como princípio bloquear a ovulação. 

Em que consiste o tratamento para controle da dor? 

Para lidar com a dor, que é um sintoma comum da endometriose, primeiro é preciso excluir outras possíveis doenças. Para isso, como disse, vale uma boa anamnese, um exame físico da paciente, além dos exames diagnósticos de imagem. A partir desse mapeamento será instituída a conduta terapêutica mais adequada, que pode ser clínica e/ ou cirúrgica, sempre levando em conta cada caso individualmente. 

O uso de analgésicos e anti-inflamatórios também são bem indicados, eles ajudam muito no controle da dor – apenas cuidado com o uso exagerado de anti-inflamatórios porque podem causar outras alterações, sobretudo renais. Além disso, recomendamos suporte psicológico e atividade física, com o intuito de diminuir o stress causado pelo desconforto. 

Especialmente neste período de isolamento social, em que as cirurgias eletivas estão suspensas, reduzir fatores estressantes também é muito positivo. A dor pode estar associada a quadros de ansiedade, depressão, alteração de humor, irritação. Um estilo de vida saudável, com atividades lúdicas, exercícios físicos e sono reparador, é muito recomendado para aliviar o sintoma de dor. 

Alguma recomendação para as pacientes? 

As pacientes com dor e suspeita de endometriose podem ligar na clínica ou enviar um Whatsapp para nosso telefone de urgência. Neste momento de pandemia, recomendamos que elas evitem sair de casa. Mas estamos de plantão para atender casos graves e podemos administrar uma medicação alternativa para controle da dor. 

A Scope atua no diagnóstico e tratamento de patologias ginecológicas através de técnicas modernas e minimamente invasivas. Entre em contato e agende a sua consulta online ou pelo telefone (11) 3849-1818.

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